O Deus no qual
acredito não carece de oratória, mas de ações, exemplos e de testemunhos
pessoais. Citar salmos, capítulos e versículos, elaborar orações bonitas,
impressionar os incautos ao declamá-los de cor, tudo isso é fácil: certamente,
os fariseus foram mestres, como o são políticos, professores, religiosos,
filósofos e tantos outros, de todas as cepas e épocas, que se utilizaram do
verbo perfeita e inescrupulosamente.
Devemos ser capazes
de doar, de dar as mãos, de proferir palavras que fluam de nossa alma com
sincera afeição. Se o fizermos extemporaneamente, soarão falsas; se fora dos
contextos, serão obscuras, incompreensíveis e induzirão a erros e
mal-entendidos. É a sabedoria que edifica.
O Deus no qual
acredito inspira-me à prática do amor, da caridade, da benevolência; inspira-me
à paciência, à resignação racional, à perseverança; inspira-me à fé
inteligente, à lealdade e à afeição; inspira-me o respeito à vida, à natureza e
ao outro... Inspira-me à desconstrução das armadilhas verbais e à coragem de
não aceitar belos discursos quando, subjacentes às palavras, afloram interesses
escusos escondidos sob máscaras angelicais.
Devemos ser capazes
de realizar, de soltar as mãos e caminhar livres, juntos, de ouvir e
compreender o que envolve nossa alma com sincera afeição. Se em certas
circunstâncias isso não nos parecer fácil, que possamos cerrar os olhos e, na
quietude, ir além das aparências e perscrutar os sentimentos mais íntimos.
É o esforço que constrói.
O Deus no qual
acredito não tem aparência, aroma, cor, textura, gosto, peso, sexo!, mas possui em Si todas as formas... É silencioso, sem o ser. Não fala, inspira – o modo pleno e inequívoco de comunicação. Não carece de oratória, mas de exemplos vividos –
única forma de enaltecê-Lo, honrá-Lo e dignificá-Lo...
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