terça-feira, 16 de setembro de 2014

Arte & Cultura: Impressão: nascer do sol




Esse quadro de 1872, medindo 48 cm x 63 cm, intitulado
Impression, soleil levant 
é um óleo sobre tela do pintor francês Claude Monet (1840 - 1926).
Encontra-se atualmente no Musée Marmottan Monet, arredores de Paris.

Do seu nome, deriva o movimento artístico (artes plásticas e música) denominado Impressionismo o qual, na pintura, foi liderado por um outro pintor, também francês, quase xará, chamado [Édouard] Manet...

Principais características
  • Paisagens
  • Valorização da luz natural e da decomposição das cores
  • Pinceladas soltas (sensação de movimentos)
  • Sombras coloridas e luminosas.


_______________________

Fontes:
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Claude_Monet,_Impression,_soleil_levant,_1872.jpg
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/impressionismo.htm




sábado, 23 de agosto de 2014

Literatura: Amizades em tempo de internet

(Homenagem aos amigos inesquecíveis)
 
 
Há os que nos encantam e nos enchem o saco,
com quem a gente discute, deixa furos, fala palavrão,
vai a festas, missas, centros espíritas, churrascos, chopes, bate-papos.
Faz vaquinha e divide sonhos.
Aporrinhados, mandamo-nos pruns lugares feios
- pra onde não vamos, ficando por perto mesmo para
cutucar, curtir e comentar nossos posts sem graça
e esperar o próximo encontro...

Há os que não: são sempre sóbrios, educados, simpáticos,
sabichões, bem-sucedidos: nada errado, apenas formais.
Há promessas de reencontros,
de churrrasquinhos, cineminha, chopinhos e o escambau,
e mensagens nas datas especiais.
Estes são lembrados pelo sistema;
aqueles, nem isso ajuda...

Os primeiros, enxeridos, falam mal das nossas roupas,
contam piadas sem graça, reclamam da cerveja quente
e da marca dos sucos naturais e dos guaranás;
sem cerimônia, dizem que estamos fora de forma,
que precisamos caminhar, que o nosso time é uma porcaria.
Não curtem os nossos livros e discos,
não sabem dos nossos gostos, mas conhecem os desgostos
e não têm vergonha de dizer na bucha,
com a cara mais lavada do mundo, que
não têm a mínima ideia
de quem ganhou o Nobel de Literatura.
"- Nobel? Quê isso?”
Escrevem vc, kd, naum...
 
Os outros, não: elogiam-nos a silhueta amorfa,
sugerem-nos vinhos das melhores cepas e safras,
perguntam-nos como vai a vida, o que temos feito dela,
que fim levou fulano e beltrano... E a saúde, como vai?
Falam de Drummond, Nietzsche, Virginia Woolf, Fernando Pessoa:
são capazes de citar poemas inéditos.
Não gostam de Bergman – sua obra é densa e hermética –
e se lembram de coisas
de que já me havia esquecido.

Os abraços de uns quase nos sufocam,
os apertos de mão quase nos invalidam,
e a presença não deixa espaços vazios.
Não há sorrisos, mas gargalhadas.
Os dos outros, são leves, limpos, cheirosos.
Os apertos de mãos são clássicos, impecáveis,
e a presença, raramente casual, são agendadas com rigor,
com ares de corte.
Tudo é mais comedido...
 
 Uns preenchem os vazios da vida,
os outros fazem-nos falta e,
nas respectivas singularidades,
são-nos plurais e únicos...
– Prazer conhecê-los.
 
______________________
 
Crédito das imagens
 
 


quarta-feira, 9 de julho de 2014

Literatura: Álbum de família

Imagem e texto (Análise de imagem) postados no Facebook por Lívia Rezende, minha filha predileta, na madrugada do dia 13/8/2012 (segunda-feira) em homenagem ao Dia dos Pais. Na época, ambos éramos bem mais jovens! Na foto, tirada pela mãe na Quinta da Boa Vista (RJ), ela estava com 8 aninhos...
Não tem preço.
 
Lívia e Paulo Rezende

Nós dois.
Caminhando, paralelamente, pelo mesmo caminho.
Tratamos o trajeto com cortesia; as mãos entrelaçadas são sinal de tranquilidade.
Para trás, nos voltamos com um sorriso. Gentis com o passado, como deve ser quem tem a consciência tranquila. 
Os pés mantém a caminhada.
O lado para o qual nos viramos é o mesmo; o ângulo do que vemos é parecido – apesar de, claro, minha visão de mundo estar muito abaixo do seu horizonte
(até hoje e pra sempre, por sinal!).
A seguir, uma bifurcação e duas certezas: um caminho será escolhido e eu permanecerei ao seu lado, porque a nossa vida é isso.
____________________

Te amo tanto, pai, tanto, que estou até agora tentando me importar por não ter te dado um presente ontem (é, já passou da meia noite). Ele vai chegar, ainda que não nos preocupemos.
O que eu tenho de real pra te dar, todos os dias, é isto: o meu sentimento registrado e a constante agonia por não existir loja no mundo que venda o que sei você precisa.
Te amo MUITO!"

 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Análise Literária - O eu poético

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Autopsicografia
(fragmento de texto, de Fernando Pessoa)


A literatura é uma obra aberta, não estando, portanto, sujeita aos limites denotativos impostos por um texto não literário. As palavras e expressões assumem sentidos diferentes dos contidos nos dicionários, a ausência de pontuação – impropriedade do ponto de vista gramatical! –, nela constitui licença poética, estabelecendo um estilo próprio dos poetas.

Enquanto num texto técnico, por exemplo, a repetição de palavras pode, em princípio, constituir impropriedade que deve ser evitada, na arte, configura-se qualidade pelo que de expressivo contém em si.

O eu poético

O texto a seguir, de autoria do amigo Rafael Massoto, é um exemplo interessante da arte de poetar. Observe que, através de algumas deixas, somos capazes de re/conhecer o perfil do “eu poético” (ou eu lírico): a faixa etária, os gostos, o ambiente e a época em que vive, se está alegre ou triste – o que, afinal, pretende dizer e como o faz. De forma alguma esse retrato deve ser confundido com o autor: enquanto este é de carne e osso, aquele não passa de um personagem de ficção cujo papel é contar uma história, recitar um poema. Não existe, portanto, no mundo real.

[Sem título]

Quando eu falar dela
sei que vão dizer não extrapole
Eu direi sei que segurar o recalque não é mole
Ela é o drible do Garrincha
ela entorta a sua vista
Se você se acha o
skate

ela é o skate e a pista
Se você se acha a lata
ela é a lata e o
graffiti


Mulher igual não existe
nem um anjo resiste
Mesmo que ninguém em mim acredite
Não terei medo de relatar o que ela é
Ela é aquela que na praia cala as ondas
É a música inédita que você mal ouve se apaixona
É aquele pensamento bom que vem antes do sono
É a tal liberdade de que todo mundo que ser dono
Ela é o beijo que a minha boca mais deseja
E você a vê
mesmo que a distância impeça que a veja
Por fim só ela existir
ela acaba com todo meu abandono.


Análise Literária*
Exercício

Logo de cara, podemos depreender que o “eu poético” é um jovem apaixonado – ou uma apaixonada!, quem sabe – do tipo exagerado, cego de amor. Mais tarde, descobriremos que, no fundo, é um solitário.

As pessoas com as quais enaltece com bastante veemência as qualidades da amada parecem não mais acreditar nos elogios que faz: são repetitivos e exagerados, mas isso não o preocupa nem o esmorece. Atribui a rejeição à inveja incontrolável dos amigos.

“Quando eu falar dela
sei que vão dizer não extrapole
Eu direi sei que segurar o recalque não é mole”


É interessante notar que o eu lírico, ao não dispor de palavras adequadas para expressar os sentimentos ou por preferir ilustrar a sua admiração de tal forma que não haja dúvidas quanto à beleza decantada, recorre estrategicamente à metonímia - figura de linguagem que consiste no emprego de um termo no lugar do outro pela afinidade ou semelhança de sentido. Constrói imagens possivelmente familiares às pessoas que integram o grupo do qual faz parte – apaixonados por futebol e por skatistas, grafiteiros e outros jovens artistas. No íntimo, deve pensar que "somente assim poderão me entender...”.

“Ela é o drible do Garrincha
ela entorta a sua vista
Se você se acha o
skate

ela é o skate e a pista
Se você se acha a lata
ela é a lata e o
graffiti
 
 
 
A amada é imprevisível ("drible que entorta"), mas o completa ("skate e pista") por ser completa em si mesma ("lata e graffiti"). Na sensualidade, não é humana: é divina, sagrada e única, capaz de fazer perder a cabeça até os mais puros dos seres imortais.

“Mulher igual não existe
nem um anjo resiste”


Os amigos são-lhe importantes e não deseja perdê-los. Entretanto, está decidido: se tiver que correr riscos para não se afastar da musa que o inspira e dá sentido à vida, não terá dúvidas sobre o que fazer. Observe que "ela" é mais do que qualquer representação: "ela" é, no sentido de ser integral.

“Mesmo que ninguém em mim acredite
Não terei medo de relatar o que ela é”


Primeiro, reverencia a forte presença da mulher que, de tão impetuosa, chama para si toda a atenção e pode facilmente ser identificada e reconhecida entre mil... "Ela é aquela..."!

“Ela é aquela que na praia cala as ondas”
 
 
 
Depois, ressalta a beleza, a harmonia, a tonalidade, a sonoridade, os passos e os compassos marcantes que envolvem quem a observa desde a primeira impressão...

“É a música inédita que você mal ouve e se apaixona”

É o ser angelical, mais do que a mulher, que o acalma e o relaxa, preparando-o para o sonho e o despertar de um novo dia:

“É aquele pensamento bom que vem antes do sono”

Deslumbrado ante à beleza da amada, descobre-se no paradoxo de desejar possuí-la para não correr o risco de perdê-la - ao tempo em que sabe ser essencial deixá-la se sentir livre - não ser!, desta vez - para continuar desejada:

“É a tal liberdade que todo mundo que ser dono” 


 
 
 
E, então, advém o desejo de tocar e de ser tocado; não sabe o que pensar – não quer pensar, e não pensa! Dissimula a sua intenção: não é a sua alma que deseja a mulher, mas a sua boca, a parte sensual que completa e efervesce as carícias. E em sendo ela o próprio beijo, serão um só, indissolúveis...

“Ela é o beijo que a minha boca mais deseja”

Se não bastasse a estonteante presença, sabe que vive com a mesma intensidade e força na lembrança, tornando-se inesquecível e eterna.

“E você a vê
mesmo que a distância impeça que a veja”


Finalmente, absorto, exausto ("por fim"), fazendo uso de uma linguagem tímida, emocionada, entrecortada e quase infantil (repetição do pronome "ela"), confessa a razão de tanto amor e adoração. É o único trecho em que há sinal de pontuação - no caso, um ponto final, como se não precisasse dizer mais nada.

“Por fim só ela existir
ela acaba com todo meu abandono."


______________________

(*) Esclarecimento importante: os comentários acima não constituem, em nenhuma hipótese, a única possibilidade de se tentar analisar literariamente um texto poético; antes, são pontos de vista, resultados da minha visão de mundo, do momento em que os escrevi, dos sentidos e sentimentos que pude perceber. É possível enxergar outros aspectos e, claro, pintar com outras cores e nuanças a mensagem contida no texto. Se o autor vai concordar, aí é outra história!
Assim é a arte! – e é bom que assim seja...

 

sábado, 17 de maio de 2014

Artigo: De Deus!

Texto em homenagem a
Matheus de Jesus Oliveira
filho de Mariana (Mary Jesus) e Raphael (Raphael Oliveira),
sobrinhos e afilhado (o pai), nascido hoje, 17/5/2014, sábado, às 7h53, no
Hospital de Clínicas de Niterói.
 
O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca.
(O Pequeno Príncipe) 

Dom, presente, dádiva de Deus! Esses são os significados do nome Matheus, variante do hebraico Mateus.

Ainda não vi o rostinho dele – não sei se parece com a mãe, espero que não, com o pai, também não, com os avós, Deus o livre! Gostaria que se parecesse com este tio-bisavô (quem diria, hein?!): bonito, simpático, inteligente, bem humorado, glamouroso, flamenguista! Para quê mais, não é mesmo? Sei que as chances são pequenas – tem tantos genes e cromossomos juntos e misturados entre nós! – mas, não importa, será dessa maneira que o verei quando der o primeiro, o segundo, o milésimo, septuagésimo – ufa! já perdi as contas! – sorriso pr’esse cara aqui, ó!

Não sei quem serão os seus heróis, sequer se na sua juventude – daqui a uns quinze, vinte anos – as pessoas ainda estarão preocupadas com isso. Não sei se dará bola pro Papai Noel, se brincará de carrinho, se gostará de futebol, voleibol ou tênis, se vai gostar de ler, que faculdade vai cursar – se é que precisará cursar alguma. Não sei qual será a cor preferida, o time campeão do mundo pelo qual torcerá, o tom de voz, o perfume predileto, o formato do rosto, do nariz – espero que não se assemelhe ao das avós! – nem a cor da pele – se puxar a da mãe coruja, tudo bem...

 
Olha para dentro de ti mesmo.
És mais do que aquilo em que te tornaste.
(Rei Leão)
Ainda não sei nada sobre Matheus, sacanagem, não é mesmo?, um universo a ser descoberto, um mundo a ser construído... Mas ficarei atento e aos poucos desvelarei os segredos desse malandrinho: se sente cócegas, se chora à toa, se é pirracento, se vai ser brigão ou será da turma do deixa disso como Raphael, o papai babão! Ou se vai adorar uma caminha quente, como o vô Joel! O tempo vai mostrar os traços em comum com o vovô materno... Se vai gostar de pagode ou funk? Não, quero dizer, não sei! Se tiver chance, tem umas sertanejas que pretendo lhe mostrar...

Seja bem-vindo, menino, e que Deus o abençoe! Por muitos motivos que o tempo vai se encarregar de lhe mostrar, você é muito especial... E disso, todos temos certeza!


___________

Nota: fui o primeiro a escrever o nome dele completo: Matheus de Jesus Oliveira, informado por telefone pela (enrolada rs) avó paterna, Diana Rezende. Não sei exatamente o que isso significa, mas me senti honrado.


Foto inserida às 17h35, "roubada" do álbum da vovó paterna.
 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Olhares - A menina dos pés descalços


https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-ash3/1533738_622265247820529_321010636_n.jpg
Imagem compartilhada do amigo Marco Neggerini.
Autor desconhecido.

Indiferente, a luz do sol não produz sombras sobre o chão ressequido; apesar de impróprio para o descanso e plantio, cria raízes.
Elas seguem em frente na direção do frescor e da vida, embora voltar fosse outra possibilidade. Carregam lado a lado, sobre as cabeças em disfunção, numa coreografia ensaiada e recorrente, fardos proporcionais.
Decerto, esperam-nas alhures.

Vestidas, livram-se do frio e dos ferrões; os cortes disfarçam-lhes as curvas, atenuando as maledicências e os olhares cobiçosos – como se essas coisas lhes pudessem aviltar ainda mais.

Uma protege os pés; a outra parece não se importar.

Exemplo e aprendizagem.
___________


sábado, 4 de janeiro de 2014

Reflexão: Buscas



Se buscas o reencontro e paras e esperas e vês ser em vão;
se buscas no limiar desses tempos, sem ânimo,
o encontro do que ficou para trás:
- Revolve o passado, remove as lembranças que o tempo imprimiu...

Se buscas palavras amigas guardadas na ânsia do deixar pra depois,
se buscas tesouros perdidos e, dentre as joias achadas,
somente incertezas:
- Revolve o passado, devolve essas mágoas que o tempo marcou...

Se buscas carícias e as percebe caídas sobre teus desencantos,
se buscas dias raiados e revês, espalhados,
os teus sonhos partidos:
- Revolve o passado, revisita apressado os teus amanhãs...

Se pungente reclamas as chances deixadas nos caminhos trilhados,
se do aceno fugaz recordas, tristonho,
despedidas eternas:
- Revolve o passado, resiste à vontade de não-ser outra vez!

A realidade fugidia atrela-se à porta e cobra-te os sonhos
e clama sentida o sentido da vida que se faz sem vencer.
Abre os braços, abraça o horizonte, escuta o pulsar das emoções inocentes
e percebe, escondidas, as suas razões.
Contempla, depois, o nascer da alegria que na fantasia reluz e renasce.
Reouve, indolente, o raiar dos teus dias e descubra com fé o sentido da dor.

Se buscas na vida a sua magia
e na essência do amor o teu despertar,
hás de encontrar em ti...

__________