O tempo não comprou passagem de volta. [Mário Lago]
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No início da década de 1990, escrevi um poema batizado
Se tempo houver e o
dediquei a Rita, companheira de 26 anos. Durante anos, mantive-o guardado. Um dia, não me lembro em que contexto, tomei coragem e li a obra-prima para a musa inspiradora. Ela ouviu, sorriu e, bem de acordo com o seu
estilo prático, deixou escapar nas entrelinhas que não teria muita paciência para esperar “tanto tempo”,
não...
- Nada poético, pensei.
Cerca de uma década depois, exatamente no dia dos namorados de 2013, ela
me deu um cartão em cujo envelope havia uma folha de papel cuidadosamente
dobrada; nela, um texto manuscrito intitulado Sempre e enquanto há tempo...
- O lado poético até então adormecido havia, enfim, aflorado!, pensei, com um leve e sutil sentimento de doce vingança (rs).
Deixando de lado a timidez, resolvi abrir o baú e publicar esses fatos da "intimidade" do casal. O primeiro texto é integral, o segundo, para não correr riscos domésticos, apenas fragmento.
[Detalhe: Rita ainda não sabe desta brilhante iniciativa e, quando souber, não sei se receberei outro poema.. rsrsr).
"Colherei rosas – talvez cravos ou jasmins..."
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Se tempo houver...
(para Rita)
Se houver tempo
descerei ao jardim,
Colherei rosas –
talvez cravos ou jasmins,
Arrumá-las-ei
num buquê bonito
E o guardarei,
impaciente.
Se houver tempo,
Regarei as
flores que restarem,
Replantarei as
mudas incipientes,
Podarei as árvores
frondejantes,
Os brotos
abundantes
E a aguardarei
aqui.
Se houver tempo
Descerrarei a
casa toda,
Sentarei em
nosso canto
E extasiado pelo
encanto do instante da
espera,
Farei um poema
simples
Dedicado a você.
Ah!, e se ainda
houver tempo,
Apenas sonharei.
E mesmo acordado
Replantarei o
passado
E mondarei o que
de errado deixei florescer.
E, se depois de
tudo,
Tempo ainda
houver,
Mesmo que as
flores não
Tenham crescido,
Relembrarei as
promessas de amor e de
sonhos
Que no
envolvimento das pressas
- por falta de
tempo! –
Havia esquecido.
[Paulo R Rezende]
"Para o amor não é necessário buquê..." |
[Fragmento]
“Sempre e enquanto há tempo
(Para Paulo)
Sempre há tempo
de descer ao jardim, colher rosas...
Talvez cravos ou
jasmins.
- Para o amor não é
necessário buquê, pois ele é impaciente.
Sempre tem de
haver tempo dentro dessa impaciência,
Para regar as
flores, cuidar das mudas.
Podar as árvores
frondejantes e os botões abundantes.
- Sem pressa.
Ainda é cedo
para a espera de descerrar toda a casa,
Sentar em algum
canto e me sentir extasiada
Pelo encanto da
espera.
E na minha impaciência,
talvez consiga fazer uma poesia simples...
- Toda, porém, dedicada a você. (...)”
[Rita de Cássia Z P Rezende]
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